segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Emoção na reta final

Para quem reclama de falta de emoção nos torneio de pontos corridos, o Brasileirão 2009 chega em sua reta final com extremo equilíbrio e com pelo menos seis times brigando pelo título.

Ao chegar a sua 31ª rodada, com oito pela frente, o campeonato está aberto. O líder Palmeiras perdeu e viu todos os rivais diretos vencerem. A distância entre os cinco primeiros caiu para apenas três pontos.

Com 54 pontos, o Verdão vê a pressão aumentar. O Atlético-MG sofreu, mas venceu o Vitória e está apenas um ponto atrás do paulistas. O Inter, por sua vez, venceu o clássico Gre-Nal, chegou aos 52 pontos e embalou para a reta final.

O São Paulo foi outro que ressurgiu. Em um clássico sem grande qualidade técnica, mas altamente emocionante, o Tricolor venceu o Santos por 4x3 e também tem 52 pontos. Entra na briga novamente e promete uma arrancada rumo ao quarto título seguido.

O Flamengo é outro que vem forte. Venceu o clássico contra o Botafogo e tem apresentado um futebol de favorito ao título, além de contar com o talento de Adriano e Petkovic, em grande fase. O Rubro-Negro tem 51 pontos e ainda sonha com o título.

O Cruzeiro, um pouco mais atrás, acompanha a briga nas primeiras colocações mais de perto. Após um péssimo começo, melhorou e já está apenas seis pontos atrás do líder, completamente na briga por uma vaga na Libertadores. O Goiás, que era um dos candidatos, perdeu força e não deve lutar no pelotão da frente.

Na próxima rodada, mais emoção à vista. Destaque para o confronto entre São Paulo e Inter, no Morumbi, que deve definir um favorito na reta final e tirar a força do perdedor. O líder Palmeiras defende a primeira colocação em casa contra o forte Goiás, enquanto o Galo vai enfrentar o lanterna Fluminense no Rio. Flamengo visitando o Barueri e Cruzeiro recebendo o Santo André fecham a rodada dos líderes.

Parece que o argumento de que pontos corridos não tem emoção já foi por água abaixo. E o campeonato de 2009 coloca um fim neste tabu, deixando claro que a fórmula chegou para ficar e caiu nas graças do futebol brasileiro!

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Decisão para 'matar' o bom senso

A "dona do futebol brasileiro" pediu e pode ser atendida. A Rede Globo quer que o Campeonato Brasileiro volte a ser disputado no sistema de 'mata-mata', extinguindo a fórmula dos pontos corridos, que passou a ser utilizada em 2003.

De acordo com a emissora carioca, as decisões elevariam os níveis de audiência com o futebol, que têm caído a cada ano. A Globo fecha os olhos, porém, para uma fórmula que caiu no gosto dos torcedores e coroa, com justiça, o time com melhor campanha.

Deixando de lado o óbvio interesse no 'renascimento' do futebol carioca, praticamente descartado entre as potências após o início dos pontos corridos, o que não falta são argumentos para a manutenção do novo formato, em prática desde 2003.

O campeonato vale da primeira à última rodada. Todos os jogos passam a ser decisões. As equipes, por sua vez, passaram a entender o andamento do torneio e armarem times mais qualificados, elencos mais numerosos e com bons jogadores. Ou seja, fez bem ao futebol brasileiro.

O argumento da emissora também vai por água abaixo no quesito audiência. Até porque, na fase de qualificação, o número de pessoas à frente de suas televisões seria imensamente menor. A audiência cresceria apenas na reta final. Ou seja, a Globo ficaria sem telespectadores de abril até outubro, quando começaria o mata-mata.

Outro fator prejudicial com a mudança seria a arbitragem. Em um campeonato de pontos corridos, os árbitros erram em todas as rodadas. Mas estes lances acabam sendo diluídos nos 114 pontos que são disputados. E outra: os juizes erram a favor e contra, 'dão' e 'tiram' pontos de todos os times. No mata-mata, um erro pode decidir um título. Ou seja, os times ficaríam muito mais vulneráveis a problemas de arbitragem.

Este pedido da Globo, na verdade, tem duas razões, que são encobertas por uma cortina que eles denominam como audiência. Em primeiro lugar, não é negócio para a emissora ver os clubes cariocas como figurantes do campeonato. A única disputa dos times do Rio é contra o rebaixamento, salvo uma ou outra boa campanha do Flamengo, como neste ano.

E o outro motivo é simples: a emissora tenta minimizar a queda de qualidade em sua transmissão de futebol. O que antes era novidade, hoje em dia é básico. A Record faz, a Bandeirantes faz. A transmissão da Globo parou no tempo. E assim, perdeu audiência. Deixou de ser atrativo. Simples assim!

Porque, no final das contas, o fácil é colocar a culpa na fórmula do campeonato...

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O tal líder fraco

O matemático Tristão Garcia, um dos maiores palpiteiros sobre o Brasileirão, descreveu o Palmeiras como um líder fraco. E justificou usando a matemática, mostrando que a pontuação não era a de campeão.

Em campo, parece que o time alviverde ouviu os palpites de Tristão. Ontem, jogou mal e perdeu para o Santo André. É a terceira derrota consecutiva do líder, que teve várias chances de distanciar-se na ponta, mas tropeçou e pode terminar a rodada apenas um ponto a frente do segundo colocado.

O futebol apresentado pelo time de Muricy (foto) foi preocupante. Ficou claro que Diego Souza voltou diferente da seleção. Aliás, isso é comum e exemplos como esse não faltam: Hernanes e Richarlyson que o digam. Cleiton Xavier saiu machucado e aí o que se viu foi um marasco na criação de jogadas.

As melhores oportunidades surgiam quando Vágner Love saía da área para armar. Mas foi muito pouco para quem quer ser campeão. O Santo André também pouco fez, mas surpreendeu o Verdão em dois contra-ataques. Foi o bastante para decretar mais um tropeço inesperado.

Problemas na parte tática já são visíveis. Após a saída de Pierre, o meio-campo defensivo não se acertou. Edmílson e Souza, definitivamente, não pode atuar juntos. Aliás, o camisa 3 do Verdão tem técnica e um excelente currículo, mas suas atuações têm passado longe do esperado pelos palmeirenses.

Alguns torcedores já vaiaram. Outros pediram a volta do técnico Jorginho. Os demais continuaram apoiando. Afinal, o Palmeiras segue líder. Mas se não mudar a atitude essa primeira posição pode não durar muito tempo...

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

O enterro de Jason

Jason nunca morre. Certo? Quando trata-se do personagem Jason, famoso nos filmes de terror 'Sexta-Feira 13', pode ser que sim. Quando Jason remete ao São Paulo e sua campanha no Brasileirão de 2009, a afirmação perde toda sua veracidade.

Após a saída do técnico Muricy Ramalho e a chegada de Ricardo Gomes, o São Paulo emplacou uma boa sequência de vitórias, deixando a zona de perigo, chegando ao G-4 e sonhando com o título. Mas quando teve a chance de realmente colocar medo no líder Palmeiras, não o fez.

Primeiro, teve o confronto direto. Teve medo de atacar e preferiu o 0x0. Depois, foi fatalmente atingido pelo modesto Santo André. A hora era de atropelar o time do ABC paulista, mas Jason fraquejou. Fez um gol, achou-se dono da situação e permitiu o empate. Perdeu a chance de passar o líder, mesmo que apenas momentaneamente.

Depois, parecia que Jason reagiria. Com dois a menos fora de casa, conseguiu uma importante virada contra o Náutico. Mas a reação ficou apenas na impressão. Ainda ressentido, o vilão viria a falecer uma semana depois, em sua própria casa, embora seus fãs acreditassem que ele ainda estaria vivo. Um novo empate amargo com o Coritiba. Nova chance desperdiçada de encostar no Palmeiras.

No último sábado, Jason foi oficialmente enterrado. Novamente em seus domínios, perdeu para o Atlético-MG e viu as chances de título irem por água abaixo. E não apenas pela pontuação, já que o Palmeiras consegue ser tão incompetente quanto o São Paulo, mantendo os 5 pontos de diferença. Mas porque o futebol apresentado passa longe, muito longe, de assustar os adversários.

Os fatores são diversos: jogadores descompromissados, falta de um armador com qualidade, inexistência de um centroavante eficiente... até o setor defensivo, antes exaltado, comete falhas bisonhas, dignas dos tempos de Jean e Júlio Santos. O mais lúcido meio-campista, Jean, joga improvisado na ala. O único que corre e produz é Dagoberto, com lampejos de bom futebol. Mas parece se influenciar com a ruindade de Borges, Washington, Hugo e companhia.

O melhor jogador tecnicamente tem apenas 18 anos. E todos têm medo de colocar o meia Oscar em campo, com receio (correta ou incorretamente) de queimá-lo, de ser cedo demais para o jovem assumir a responsabilidade. Enquanto isso, Jorge Wagner arma as jogadas, quase sempre com a malemolência que lhe é característica, de forma lenta e nada efetiva.

Matematicamente, o título é possível. Mas para quem acompanha de perto a saga de Jason, sabe que o final desta vez deverá ser feliz. Feliz para Palmeiras, Internacional, Atlético-MG, Flamengo ou Cruzeiro.

E se não abrir os olhos, nem Libertadores virá para 2010.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Hermanos na Copa. Há o que temer?

Suado, sofrido, difícil... a classificação da Argentina para a Copa de 2010 foi digna de um tango. A letra, escrita por Diego Maradona (foto), técnico dos hermanos, teve um enredo cheio de altos e baixo, mas com um final feliz para os argentinos.

A vitória na última rodada sobre o Uruguai, fora de casa, deu a vaga a Argentina. E mais: fez com que Maradona desabafasse contra os jornalistas do país, críticos de seu trabalho à frente da seleção. A revolta de Don Diego começou com músicas provocativas após o apito final, passou por palavrões e terminou com patadas na entrevista coletiva.

O certo é que Maradona caiu, e muito, no conceito dos argentinos. Continua sendo um 'deus' para seus conterrâneos, mas como treinador passou longe de ser unanimidade. E agora ganhou um tempo extra para preparar o time para o Mundial de 2010.

E terá muito trabalho pela frente. A começar por um padrão tático, inexistente na seleção. Porém, o mais complicado dos problemas é a defesa. Com uma safra de má qualidade de zagueiros, a linha defensiva deixou os hermanos na mão muitas vezes nestas Eliminatórias. Deve ser o setor a ser trabalhado até 2010.

Na frente, falta trazer a genialidade de Messi de Barcelona para Buenos Aires. Com a camisa azul e branca, o jogador passa longe de reeditar as brilhantes apresentações feitas no clube espanhol e que devem coroá-lo como melhor jogador do mundo neste ano.

No restante, a Argentina tem um bom time, com ótimo jogadores. Estrelas como Tévez, Mascherano, Higuaín, Aguero, Verón, Riquelme e que não conseguiram formar um time. E este será o grande desafio de Maradona até a competição na África do Sul, no próximo ano.

Os brasileiros, em sua grande maioria, secaram, torceram contra. Uma mistura de rivalidade, respeito e medo. Isso porque todos sabem que quando chegar a hora, a Argentina pode brilhar na Copa do Mundo.

E quer saber? Eu não duvido...